Objetivo

Apesar de ser mais lembrado como terra das frondosas Araucárias, foi a árvore da erva mate que rendeu ao Paraná os recursos que alavancaram seu desenvolvimento. Ainda hoje tem relativa importância econômica e social, mesmo que seja quase ignorada por parcela significativa da população do estado. O mate, matéria prima do chimarrão e tererê, é genuinamente paranaense e não é a toa que um ramo de mate e outro de Araucária se abraçam na bandeira estadual. O Paraná, ainda hoje, possui as maiores reservas de erva mate nativa, que são as mais procuradas pelos apreciadores. Foram destas matas que saíram as maiores quantidades de mate para abastecer os grandes mercados consumidores como o Uruguai, a Argentina e o Rio Grande do Sul no século XIX e até meados do XX. Hoje o abastecimento incorpora produto de lavouras cultivadas onde o produto nativo é escasso.

Davi Carneiro, talvez o intelectual mais importante do Paraná, considerava o paranaense valente, porém modesto além da conta. É notório que as pessoas que ao longo do tempo adotaram o estado para viver e que portanto possuem raízes externas, ainda não encontraram uma identidade cultural local mais forte. Isto só acontecerá quando a história paranaense for mais conhecida, apreciada e repassada para as gerações mais novas. Não faltam bons livros e outras manifestações culturais e literárias que retratam o passado, mas nem sempre é fácil descobri-los. Pode ser mais difícil ainda encontrá-los, mas hoje as ferramentas informatizadas facilitam bastante as buscas em livrarias, sebos, bibliotecas, museus, arquivos públicos, etc, do material desejado.

O blog apresentará algumas das literaturas mais acessíveis (livros, reportagens e documentos) que retratam passagens interessantes e importantes da história paranaense, que é muito rica e vai muito além do que normalmente é aprendido na formação escolar.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Estrada de ferro Paranaguá/Curitiba

A estrada de ferro Paranaguá/Curitiba é um marco fundamental na história econômica do Paraná. Antonio Rebouças trabalhou na transformação do caminho da Graciosa em via carroçável e neste período elaborou paralelamente o anteprojeto da estrada de ferro Antonina/Curitiba pelo caminho do Itupava.

De inicio havia duas concessões para a estrada de ferro Curitiba/Paranaguá:
-a primeira para o trecho Antonina/Curitiba (para Rebouças e outros); 
-a segunda para Paranaguá/Morretes.
Antonio Rebouças deixou o Paraná em 1873, com a conclusão da Graciosa, e faleceu pouco tempo depois, em 1874.

Como os concessionários não viabilizaram as execuções das obras, em 1879 todos os direitos foram transferidos para uma empresa estrangeira (Cia G. Chemins de fer Bresiliens) criada para este propósito. Esta empresa se associou ainda a uma empresa Belga (S.A. de Travaux Dyle et Bacalan) para construir a estrada inteira (Paranaguá/Curitiba).

De 1880 até o inicio de 1882 as obras foram dirigidas pelo comendador italiano Antonio Ferrucci. Depois ele se demitiu e assumiu o Eng. João Teixeira Soares, que permaneceu à frente dos trabalhos até sua conclusão em 1885.
-D. Pedro II e Dna Tereza estiveram em visita ao PR entre Maio e Junho de 1880 para lançar a pedra fundamental da construção;
-A Princesa Isabel e família vieram em Dezembro de 1884 como parte do ritual da inauguração e já viajaram de trem na ida e volta entre Paranaguá e Curitiba.

No centenário da inauguração da ferrovia foi publicado este livro com sua história.



Uma viagem de 100 anos
Autor: vários
Rede Ferroviária Federal
1985

Serra do mar

A Serra do Mar foi a primeira grande barreira para a conquista do território paranaense. Sua travessia para o primeiro planalto só era vencida através de três trilhas conhecidas desde que habitavam apenas indígenas, os caminhos da Graciosa, do Itupava e do Arraial. Mesmo depois da emancipação política levou vinte anos para se concluir a construção de uma estrada carroçável no caminho da Graciosa, primeiro empreendimento visando às necessidades de transporte da produção. A estrada de ferro veio a seguir e ocupou o caminho do Itupava e a estrada para rodagem ocupou primeiramente o caminho da Graciosa e depois o do Arraial. Com a introdução da energia elétrica logo foram aproveitados os potenciais energéticos dos rios que correm serra abaixo. O que era uma barreira passou a oferecer benefícios. Hoje, a serra dominada abriga rodovias, ferrovia, oleoduto e usinas hidrelétricas e a história de cada um destes empreendimentos está contada neste livro.



A conquista da Serra do Mar
Rubens R. Habitzreuter
Editora Pinha
2000

Anarquistas


No século XIX foram feitas várias experiências de comunidades utópicas pelo mundo. No Paraná pelo menos duas foram fundadas e floresceram por algum tempo. A mais conhecida é a Colônia Cecília. Em 1990 o italiano Giovanni Rossi liderou um grupo de imigrantes italianos com o propósito de estabelecer uma colônia socialista no sul do Brasil. Por problemas de saúde em dois de seus companheiros optou por desembarcar do navio que viajavam a meio caminho,  no porto de Paranaguá. E acabou ficando no Paraná. Adquiriu terras próximas da cidade de Palmeira e ali organizou sua comunidade anarquista. É o próprio Giovanni Rossi quem conta a história da Colônia Cecília neste livro.




Colônia Cecília
Giovanni Rossi
Imprensa Oficial do PR
2000

Tempos de barbárie

É falsa a ideia de que nossa história transcorreu de forma pacífica. Ainda hoje o país enfrenta a violência sem grandes avanços. O período da segunda metade  do século XIX e da primeira do XX é marcada por diversas revoltas demasiadamente violentas, como a Revolução Federalista, o Contestado e a Coluna Prestes. No Paraná foram muitas as vítimas da invasão pelos federalistas em 1894, que degolavam seus inimigos sem cerimônias. Foi escandalosa a execução do Barão do Serro Azul e companheiros pelas forças armadas e este é um caso relativamente conhecido. Houve um outro assassinato, entretanto, menos famoso mas igualmente selvagem e indiretamente decorrente da ocupação de Curitiba pelas tropas federalistas. Por ocasião da fuga de Vicente Machado (governador em exercício) de Curitiba para o Rio de Janeiro houve um incidente durante a viagem que selou a sorte de Henrique Henning, mestre de obras responsável pela conclusão das obras da catedral de Curitiba. Esta história foi pesquisada e contada no livro "A cruz do alemão". A barbárie do ocorrido e a importância dos personagens envolvidos agravam os fatos.




A cruz do alemão
Cid Deren Destefani
Ed. do autor
1993

Coluna Prestes no oeste paranaense

Foz do Iguaçu em 1925 foi o palco do encontro das tropas revoltosas do sul comandadas por  Luiz Carlos Prestes, com os combatentes em retirada de São Paulo após a fracassada revolução de 1924 contra o governo de Artur Bernardes. Os paulistas tomaram Guaira e Foz do Iguaçu e se posicionaram em Catanduvas para se defender das tropas legalistas comandadas por Rondon.
Depois de serem derrotados, partiram para o Mato Grosso e depois rumaram para o nordeste no que ficou conhecida como Coluna Prestes.
Uma parte no livro "As noites das grandes fogueiras" é dedicada a contar esta história da reunião dos revoltosos em Foz e dos combates ocorridos em Catanduvas.

É uma história pouco lembrada, apesar da dimensão relevante dos acontecimentos verificados no oeste paranaense.





As noites das  grandes fogueiras
Domingos Meirelles
Editora Record
2008

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Paranaguá no século XVI

A ocupação do território paranaense começou  com a penetração de exploradores portugueses vindo de Cananéia (SP) pela baia de Paranaguá na segunda metade do século XVI. Entretanto, Hans Staden, aventureiro alemão fez duas viagens ao Brasil e antes disto na segunda viagem registrou em seu livro a passagem do navio em que servia pelo Superagui, norte da baía de Paranaguá em 1549, onde foram recebidos por dois portugueses que ali já se encontravam. Staden em seu livro publicou inclusive um esboço de mapa da baía. É o primeiro registro de ocupação portuguesa do litoral paranaense. Este livro foi um sucesso de vendas na época e ainda hoje é muito apreciado, mais particularmente pela narrativa do período em que Staden permaneceu aprisionado pelos selvagens de São Vicente, depois que seu navio naufragou, e seu temor de ser devorado por seus carcereiros antropófagos.

Foi nos rios que desembocam na baia que os faiscadores encontraram ouro pela primeira vez no Brasil, atraindo aventureiros que dali subiram a serra do mar para os campos de Curitiba também em busca do metal, dando origem ao primeiro povoado da cidade de Curitiba às margens do rio Atuba.




Viagem ao Brasil
Hans Staden
Editora Martin Claret
2007

Universidade do Paraná

Foi em 19/12/1912 a fundação da Universidade do Paraná, por iniciativa de notáveis figuras residentes em Curitiba, liderados por Nilo Cairo da Silva e Victor Ferreira do Amaral. Seu primeiro ano letivo foi em 1913, com vários cursos. Funcionou como entidade privada até ser federalizada a partir do ano letivo de 1951 e passar a ser denominada de Universidade Federal do Paraná (UFPR), com gratuidade de ensino. É considerada a mais antiga instituição brasileira concebida como universidade ainda em atividade, tendo funcionado ininterruptamente durante todo o seu tempo de vida de forma unificada, apesar de ter que se adequar às exigências legislativas em vigor em épocas que a lei restringia a constituição de universidades no país.




Universidade do Mate
Ruy Christovam Wachowicz
Ed. Da UFPR
2006

Ruínas de São Francisco

A imagem mais antiga da cidade de Curitiba, uma pintura de 1827 atribuída a Jean Baptiste Debret, foi feita observando-se a cidade a partir do local mais elevado da região, hoje conhecido como alto de São Francisco. Este retrato mostra em primeiro plano o que parece ser o estado da obra da igreja de São Francisco de Paula na época, cujas ruínas ainda estão lá. O famoso pintor francês teria visitado o sul do Brasil, mas não há documentos que comprovem a suposta viagem. Especula-se que esta e outras pinturas da coleção poderiam ter sido feitas depois, a partir de esboços de terceiros.

A igreja nunca foi concluída neste local, e as ruínas que ficaram ainda hoje estão expostas e ao longo dos séculos geraram alguns mitos. O livro conta esta história e desfaz os mitos criados.




Ruínas de São Francisco
Vera Regina B. V. Baptista
Ed. do Autor

2004

Colyseu coritibano

Na Curitiba de 1905 se instalou no centro da cidade  um parque de diversões chamado “Colyseu coritibano”. Lá havia ringue de patinação, carrossel mecânico, tiro ao alvo, bares, e outras atividades de lazer. Um imigrante espanhol de nome Francisco Serrador Carbonell que havia se estabelecido em Curitiba e vivia de comercio varejista era dono do Coliseu e resolveu lá instalar também um cinematógrafo onde passou a exibir filmes. Nascia o cinema na capital e Serrador expandiu seu negócio para outros estados.





A fábrica de ilusão
Ângela Brandão
Fundação Cultural de Curitiba
1994


Santa Casa

A construção começou em 1868 e foi inaugurada em 1880 por D.Pedro II. Entretanto, a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia já estava presente em Curitiba desde 1852, em outro local. Sua construção se deu graças ao empenho do Dr. José Cândido Muricy, que faleceu prematuramente um ano antes da inauguração. Na época, era considerado pelos moradores um local muito distante da cidade e de difícil acesso, pois para se chegar lá era preciso atravessar um banhado (área hoje ocupada pela praça Rui Barbosa). O local era chamado de “Campo do olho d`água dos sapos”.




Santa Casa
Valério Hoerner Júnior
Editora Champagnat
2002

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

O Dezenove de Dezembro, jornal

O primeiro jornal publicado em terras paranaenses foi o “O Dezenove de Dezembro”, batizado em homenagem a data da criação da Província em 1853. O primeiro número é de 01/04/1854 e a partir daí era produzido semanalmente. O seu proprietário era Cândido Martins Lopes, que foi convencido por Zacarias de Góes e Vasconcelos a se transferir de Niterói (RJ) para Curitiba para instalar uma tipografia. Alem do jornal a tipografia prestava os demais serviços de impressão para o governo. O jornal encerrou atividade em 1890.

Em 1979 o governo patrocinou uma edição fac-similar dos jornais editados no Ano I (1854/1855) da coleção do Museu Paranaense.




O Dezenove de Dezembro
Cândido Martins Lopes
Secretaria de Estado da Cultura e do Esporte (PR)
Biblioteca Pública do Paraná
1979

Dicionário

O Dicionário Histórico-Biográfico do Estado do Paraná, publicado em 1991 é um livro de verbetes bastante abrangente, composto de histórico de pessoas, instituições e periódicos. Indispensável para pesquisadores e fonte de informação rica e confiável para qualquer interessado em detalhes da história paranaense.



Dicionário Histórico-Biográfico do Estado do Paraná
Autor: vários
Editora do Chain
Banco do Estado do Paraná S/A
1991

Joaquim, revista

Em Abril de 1946 começou a ser editada em Curitiba a revista Joaquim (“em homenagem a todos os Joaquins do Brasil”), por Dalton Trevisan. Foram 21 números, até dezembro de 1948, e é considerada uma das melhores revistas culturais brasileiras já produzidas. Grandes nomes  da cultura paranaense e brasileira deixaram registros na revista, como escritores, jornalistas, críticos, etc.

Em 2001 o governo do estado reproduziu em edição fac-similar toda a coleção.



Joaquim, número 1
Dalton Trevisan
Imprensa Oficial do Paraná
2001

Arquivo público

Criado em 1855 pelo primeiro presidente da província, Zacarias de Góes e Vasconcelos, o Arquivo Público do Paraná disponibiliza aos interessados uma grande coleção de documentos oficiais. Estão lá, por exemplo, os relatórios anuais dos presidentes da província e governadores do estado do Paraná, digitalizados para poderem ser baixados e/ou lidos. É uma importante fonte de documentação para pesquisas e estudos.





Relatório de governo
Zacarias de Góes e Vasconcelos
1854







Este relatório pode ser acessado e baixado do site do Arquivo Público do Paraná.

https://www.administracao.pr.gov.br/ArquivoPublico/Pagina/Relatorios-de-Governo

Boletins do IHGPR

O Instituto Histórico e Geográfico do Paraná funciona desde 1900 e publica periodicamente boletins com artigos e estudos de fundamentação histórica relativa ao território paranaense. Por exemplo: o Boletim Volume XXXI publicado em 1976 contem:

-Catálogo de obras de interesse do Paraná na biblioteca Nacional (J. Mathias Jr.);
-Efemérides Paranaenses (David Carneiro);
-Registro bibliográfico (Edilberto Trevisan).

Até 2019 já estavam contabilizados 73 boletins.



Instituto Histórico e Geográfico do Paraná
Volume XXXI
1976

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

150 anos da criação Política

Em 2003, ano do sesquicentenário da criação da Província do Paraná foi editada uma coleção de cinco livros, sob o título de Páginas Escolhidas-150 anos da criação política do Paraná, quais sejam:

-História;
-Símbolos, Discursos e Comemorações;
-Literatura Vol. I
-Literatura  Vol. II
-Cem anos de sociedade, arte e educação em Curitiba: 1853-1953

Cada volume contém uma coleção de textos reunidos pela Academia Paranaense de Letras, Instituto Histórico e Geográfico do Paraná e apoio do Farol do Saber de Curitiba.

Seguem dois exemplos de assuntos abordados nos livros:

Páginas escolhidas - Símbolos, Discursos e Comemorações
...
O Barão do Rio Branco e a Questão de Palmas, por Thereza M. M. Quintella

Havia discordância quanto à definição da fronteira entre Brasil e Argentina na região do sudoeste paranaense (região de Palmas). Os Argentinos alegavam que as linhas de limites entre os territórios eram os rios Jangada e Chapecó, enquanto que o Brasil defendia que a fronteira era delimitada pelos rios Santo Antonio e Pepiri-Guaçu. Esta questão se estendeu por um longo tempo e só foi resolvido (a favor do Brasil) posteriormente, já no período republicano com a arbitragem do presidente Cleveland dos EUA, tendo o Brasil nesta ocasião sido brilhantemente defendido junto às autoridades norte-americanas por José da Silva Paranhos Jr. (Barão do Rio Branco). Pelo seu trabalho em favor do Paraná o Barão do Rio Branco foi homenageado com um  monumento em 1912, colocado na praça Generoso Marques em Curitiba.
...

Páginas escolhidas - Literatura – vol. II
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Santos Dumont no Paraná, por Lupion Quadros

Em 1916 Santos Dumont em visita a Argentina foi convidado a conhecer as cataratas do Iguaçu na cidade de Foz do Iguaçu. Levado ao local dos saltos ficou muito impressionado com a beleza e imponência do cenário e resolveu que iria imediatamente para a capital paranaense para solicitar às autoridades as providências necessárias para a criação de um parque para proteger e manter preservado aquele patrimônio natural, que estava dentro de uma propriedade privada. De Foz do Iguaçu viajou até Guarapuava a cavalo pelas trilhas do telégrafo. Desta cidade viajou para Ponta Grossa de carro e depois até Curitiba de trem. Visitou ainda Paranaguá, onde desceu de trem e subiu de carro pela estrada da Graciosa. Seu pedido foi feito diretamente ao governador Afonso Camargo e acabou sendo posteriormente atendido.
...



Páginas Escolhidas
Autor: vários
Editora da Assembléia Legislativa do Paraná
2003

Campos de Guarapuava

A conquista dos campos de Guarapuava foi suspensa por 40 anos, desde que as expedições portuguesas lideradas por Afonso Botelho em 1770 e 1771 penetraram na região. Coube a Diogo Pinto de Azevedo comandar a tropa que em 1809 recebeu a missão de abrir um caminho e ocupar esta região o que de fato aconteceu no ano seguinte. Foi construída uma fortaleza batizada de Atalaia, pois a região era habitada por nativos selvagens. Posteriormente esta fortaleza foi destruída e em outro local foi fundada a cidade de Guarapuava.

É o retrato de uma época pioneira, de conquistas e dos sacrifícios enfrentados nestas aventuras rumo ao desconhecido.




Conquista Pacífica de Guarapuava
F. R. Azevedo Macedo
Coleção Farol do Saber
Fundação Cultural de Curitiba
1995

O primeiro Prefeito

Em 1835, a Assembléia Legislativa de São Paulo criou o cargo de Prefeito, que seria nomeado pelo governo provincial dentre pessoas de maior consideração do município. Neste mesmo ano, foi nomeado para Curitiba José Borges de Macedo. Foi o primeiro e único prefeito da cidade durante o período imperial, pois em 1838 a lei que criou o cargo foi revogada. Curitiba só voltaria a ter um prefeito na República, na figura de Cândido de Abreu.

Em homenagem, uma praça (junto à praça Generoso Marques) na região central de Curitiba recebeu seu nome.

O livro relata a biografia de José Borges de Macedo.



O lídimo varão
Heitor Borges de Macedo
Ed. do autor
1984

Paraná, 1858

O aventureiro e médico alemão, Robert Avé-Lallemat, deixou as impressões de sua passagem pelo Paraná em 1858, apenas 5 anos após a emancipação e seu relato é apreciado pela sua franqueza  em descrever o que viu.

Esteve apenas em Curitiba, vindo de Joinvile (SC) e em Antonina, de onde partiu de navio para Santos (SP). Portanto percorreu os caminhos do Arraial e da Graciosa que eram de difícil percurso. Estimou que a província era habitada por 80.000 pessoas, das quais aproximadamente 5.000 moravam em Curitiba e mencionou o gado e o mate como os produtos principais.

Apontou a pobreza da população, mas também previu um futuro brilhante para a jovem província.




1858, Viagem pelo Paraná
Robert Avé-Lallemant
Coleção Farol do Saber
Fundação Cultural de Curitiba
1995

terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Bento, o governador do centenário

O território do Paraná começou a ser cobiçado pelos vizinhos antes mesmo de sua emancipação. Quando os paulistas tiveram a certeza de que Curitiba, a quinta comarca de São Paulo seria promovida, providenciaram rapidamente uma reforma administrativa, transformando a quinta Comarca na décima, porem sem Cananéia e Iguape (*), garantindo assim um litoral maior para São Paulo e deixando uma pequena extensão ao Paraná. Depois foi a vez de Santa Catarina, por meio de subterfúgios jurídicos e políticos conseguir de forma não convencional ganhar o que hoje é o oeste catarinense, e que até então era paranaense. Mato Grosso tentou arrendar uma parte de área dentro da fronteira paranaense (ilha de Sete Quedas, no rio Paraná) para estrangeiros e teve que ser lembrado que estava negociando território alheio. A Argentina também reivindicou a posse de vasta região no sudoeste paranaense (Questão de Palmas), mas graças ao trabalho do Barão do Rio Branco não obteve êxito.

Mas foi o rio-grandense Getúlio Vargas que protagonizou a mais audaciosa partilha. Em 1943, com uma “canetada” criou o território do Iguaçu, tirando do Paraná e Santa Catarina uma grande parte da região Oeste em favor desta nova unidade federativa.

Não fosse a dedicação do deputado Bento Munhoz da Rocha, que na constituinte de 1946 trabalhou em favor do retorno desta área aos estados de origem, teria o Paraná perdido mais esta região. Só por isso já merece ser lembrado, mas foi depois governador do estado e ministro da agricultura, tendo feito trabalhos de destaque em sua gestão, como detalha as páginas do livro de sua biografia.

(*) Comarcas da Província de São Paulo: durante quase todo o século XVIII e boa parte do XIX a comarca de Paranaguá/Curitiba abrangia a região da futura província do Paraná mais Cananeia e Iguape. O decreto 142 de 10/05/1842 ratificou que ambos passaram para a sexta comarca de Santos. A lei 11 de 1852 (ou lei 437 de 11/07/1852) determinou nova composição (ano anterior ao da emancipação do Paraná). A quinta comarca de Curitiba/Paranaguá passou a ser a décima comarca e Cananeia e Iguape passaram a compor a nona comarca de Itapetininga.

 


Bento Munhoz da Rocha
Vanderlei Rebelo
Imprensa Oficial
2005

O Imperador no Paraná

Não ficou qualquer registro fotográfico, mas ficou registrado no diário pessoal de D.Pedro II suas impressões da visita feita ao Paraná em 1880, motivada pela inauguração da pedra fundamental do início das obras da estrada de ferro Paranaguá-Curitiba.

O Imperador, acompanhado da esposa Tereza Cristina, visitou Paranaguá  aonde chegou via marítima e subiu a serra rumo a Curitiba. Foi conhecer ainda as cidades dos Campos Gerais e locais do percurso. Montado a cavalo, mula ou em carruagem não reclamou de desconforto e apreciou até o frio de Curitiba, apenas não gostou dos descasos políticos e administrativos que observou.

Em Curitiba inaugurou a Santa Casa de Misericórdia. Esta foi a única visita de D. Pedro II ao Paraná, porém em fins de 1884 foi a vez da Princesa Isabel e família protagonizar a pré inauguração da estrada de ferro. Também chegaram por Paranaguá, mas subiram a serra de trem até Curitiba.



Diário da visita à Província do Paraná
D. Pedro II
Editora da UEPG
2008


segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Contestado

O conflito rural combatido pelas forças policiais e depois pelo exército brasileiro nas regiões interioranas do Paraná e Santa Catarina foi motivado por causas diversas. Estas regiões foram ocupadas por gente humilde sem posses legais de terras e esquecidas pelos poderes constituídos.

Neste ambiente logo surgiram líderes messiânicos comandando fanáticos. Para complicar ainda mais, o contrato da construção da ferrovia São Paulo/Rio Grande cortando esta área cedia para a empresa uma faixa de 15 km de cada lado destas terras, ao longo da estrada.

Começaram então a fazer uso de seu direito expulsando os posseiros e cortando as Araucárias para serem beneficiadas em suas serrarias. Agravou-se então a revolta, hoje conhecida como conflito do Contestado, com sérias conseqüências, tendo havido muitas mortes em batalhas. 

O Paraná acabou perdendo parte de seu território para Santa Catarina, apesar de que este evento não foi motivação fundamental para o conflito, mas era um processo paralelo que corria nos tribunais há muitos anos. Foi assinado um acordo de limites entre os estados em 1916, porem no ano seguinte as lideranças regionais descontentes com o acordo organizaram um movimento para a constituição do estado das Missões, abrangendo a área conflagrada, mas o movimento foi rapidamente dissolvido.

Curiosidade: Neste conflito houve o uso pioneiro de aviões com objetivo militar. Foi uma tragédia à parte. Dos cinco aviões cedidos, dois foram incendiados no transporte, por fagulhas do trem.  Outros dois foram destruídos em tentativas de aterrissagem, sendo que numa delas o Tenente Ricardo Kirk foi vítima fatal.




Contestado a guerra cabocla
Aureliano Pinto de Moura
Bibliex Editora
2003

Curitiba sem mitos

Por muito tempo ficaram desconhecidas as verdadeiras origens da cidade de Curitiba, ou pelo menos se sabia muito pouco. Lendas e mitos sempre acabam se sobrepondo a verdades históricas e neste caso não era diferente. Na falta de registros o que prevalecia eram as lendas.

Júlio Estrella Moreira, enfim, desvendou o mistério e num trabalho de detetive juntou todas as informações registradas e publicou este livro em 1972. Tudo é demonstrado com documentos, evidências e pesquisas de campo, sem apelos a suposições. O trabalho se dedica aos primeiros povoadores da Vilinha, nas margens do rio Atuba, ao fundador deste povoado, Eleodoro  Ébano Pereira, a localização dos abrigos e a posterior transferência deste povoado para onde hoje é a região central da cidade de Curitiba.

Esclarece ainda a questão da grafia do nome, que ao longo do tempo adotou diversas versões,  demonstrando que a atual ortografia sempre foi a forma mais correta.

Em função deste trabalho a prefeitura criou no local indicado o “Parque histórico da Vilinha”.




Eleodoro Ébano Pereira e a fundação de Curitiba
Júlio Estrella Moreira
Editora UFPR
1972