Objetivo

Apesar de ser mais lembrado como terra das frondosas Araucárias, foi a árvore da erva mate que rendeu ao Paraná os recursos que alavancaram seu desenvolvimento. Ainda hoje tem relativa importância econômica e social, mesmo que seja quase ignorada por parcela significativa da população do estado. O mate, matéria prima do chimarrão e tererê, é genuinamente paranaense e não é a toa que um ramo de mate e outro de Araucária se abraçam na bandeira estadual. O Paraná, ainda hoje, possui as maiores reservas de erva mate nativa, que são as mais procuradas pelos apreciadores. Foram destas matas que saíram as maiores quantidades de mate para abastecer os grandes mercados consumidores como o Uruguai, a Argentina e o Rio Grande do Sul no século XIX e até meados do XX. Hoje o abastecimento incorpora produto de lavouras cultivadas onde o produto nativo é escasso.

Davi Carneiro, talvez o intelectual mais importante do Paraná, considerava o paranaense valente, porém modesto além da conta. É notório que as pessoas que ao longo do tempo adotaram o estado para viver e que portanto possuem raízes externas, ainda não encontraram uma identidade cultural local mais forte. Isto só acontecerá quando a história paranaense for mais conhecida, apreciada e repassada para as gerações mais novas. Não faltam bons livros e outras manifestações culturais e literárias que retratam o passado, mas nem sempre é fácil descobri-los. Pode ser mais difícil ainda encontrá-los, mas hoje as ferramentas informatizadas facilitam bastante as buscas em livrarias, sebos, bibliotecas, museus, arquivos públicos, etc, do material desejado.

O blog apresentará algumas das literaturas mais acessíveis (livros, reportagens e documentos) que retratam passagens interessantes e importantes da história paranaense, que é muito rica e vai muito além do que normalmente é aprendido na formação escolar.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Contestado

O conflito rural combatido pelas forças policiais e depois pelo exército brasileiro nas regiões interioranas do Paraná e Santa Catarina foi motivado por causas diversas. Estas regiões foram ocupadas por gente humilde sem posses legais de terras e esquecidas pelos poderes constituídos.

Neste ambiente logo surgiram líderes messiânicos comandando fanáticos. Para complicar ainda mais, o contrato da construção da ferrovia São Paulo/Rio Grande cortando esta área cedia para a empresa uma faixa de 15 km de cada lado destas terras, ao longo da estrada.

Começaram então a fazer uso de seu direito expulsando os posseiros e cortando as Araucárias para serem beneficiadas em suas serrarias. Agravou-se então a revolta, hoje conhecida como conflito do Contestado, com sérias conseqüências, tendo havido muitas mortes em batalhas. 

O Paraná acabou perdendo parte de seu território para Santa Catarina, apesar de que este evento não foi motivação fundamental para o conflito, mas era um processo paralelo que corria nos tribunais há muitos anos. Foi assinado um acordo de limites entre os estados em 1916, porem no ano seguinte as lideranças regionais descontentes com o acordo organizaram um movimento para a constituição do estado das Missões, abrangendo a área conflagrada, mas o movimento foi rapidamente dissolvido.

Curiosidade: Neste conflito houve o uso pioneiro de aviões com objetivo militar. Foi uma tragédia à parte. Dos cinco aviões cedidos, dois foram incendiados no transporte, por fagulhas do trem.  Outros dois foram destruídos em tentativas de aterrissagem, sendo que numa delas o Tenente Ricardo Kirk foi vítima fatal.




Contestado a guerra cabocla
Aureliano Pinto de Moura
Bibliex Editora
2003