Objetivo

Apesar de ser mais lembrado como terra das frondosas Araucárias, foi a árvore da erva mate que rendeu ao Paraná os recursos que alavancaram seu desenvolvimento. Ainda hoje tem relativa importância econômica e social, mesmo que seja quase ignorada por parcela significativa da população do estado. O mate, matéria prima do chimarrão e tererê, é genuinamente paranaense e não é a toa que um ramo de mate e outro de Araucária se abraçam na bandeira estadual. O Paraná, ainda hoje, possui as maiores reservas de erva mate nativa, que são as mais procuradas pelos apreciadores. Foram destas matas que saíram as maiores quantidades de mate para abastecer os grandes mercados consumidores como o Uruguai, a Argentina e o Rio Grande do Sul no século XIX e até meados do XX. Hoje o abastecimento incorpora produto de lavouras cultivadas onde o produto nativo é escasso.

Davi Carneiro, talvez o intelectual mais importante do Paraná, considerava o paranaense valente, porém modesto além da conta. É notório que as pessoas que ao longo do tempo adotaram o estado para viver e que portanto possuem raízes externas, ainda não encontraram uma identidade cultural local mais forte. Isto só acontecerá quando a história paranaense for mais conhecida, apreciada e repassada para as gerações mais novas. Não faltam bons livros e outras manifestações culturais e literárias que retratam o passado, mas nem sempre é fácil descobri-los. Pode ser mais difícil ainda encontrá-los, mas hoje as ferramentas informatizadas facilitam bastante as buscas em livrarias, sebos, bibliotecas, museus, arquivos públicos, etc, do material desejado.

O blog apresentará algumas das literaturas mais acessíveis (livros, reportagens e documentos) que retratam passagens interessantes e importantes da história paranaense, que é muito rica e vai muito além do que normalmente é aprendido na formação escolar.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Nas selvas do Paraná

Entre 1872 e 1875 o engenheiro inglês Thomas P. Bigg-Wither percorreu o Paraná por regiões selvagens a trabalho. Veio fazer levantamento de engenharia para o projeto de um dos trechos de uma estrada hidro-ferroviária que ligaria Paranaguá ao Mato Grosso. Foi dada uma concessão a brasileiros e ingleses para esta obra, e entre os concessionários brasileiros se incluíam os irmãos Rebouças (André e Antonio) e o Barão de Mauá. Depois de seu retorno à Inglaterra publicou um livro relatando sua experiência, em 1878. O título deste livro era Pioneering in South Brazil. Só quase 100 anos depois Temístocles Linhares descobriu o livro, traduziu e publicou esta fascinante  aventura.


Bigg-Wither tinha 26 anos ao chegar e a província do Paraná havia sido criada há apenas 19 anos. O desenvolvimento ainda patinava, mas o autor observa que entre sua chegada e sua partida o progresso já era perceptível. A estrada de ferro era um sonho de André Rebouças de uma via de transporte ligando o Atlântico ao Pacífico. Acabou ficando apenas no papel, concretizando-se mais tarde a construção da estrada de ferro Paranaguá-Curitiba, aproveitando-se dos levantamentos e anteprojetos de Antonio Rebouças, porem sob a responsabilidade de outros concessionários.






Novo Caminho no Brasil meridional: a Província do Paraná
Thomas P. Bigg-Wither
Coleção documentos brasileiros
Livraria José Olympio Editora
1974