Objetivo

Apesar de ser mais lembrado como terra das frondosas Araucárias, foi a árvore da erva mate que rendeu ao Paraná os recursos que alavancaram seu desenvolvimento. Ainda hoje tem relativa importância econômica e social, mesmo que seja quase ignorada por parcela significativa da população do estado. O mate, matéria prima do chimarrão e tererê, é genuinamente paranaense e não é a toa que um ramo de mate e outro de Araucária se abraçam na bandeira estadual. O Paraná, ainda hoje, possui as maiores reservas de erva mate nativa, que são as mais procuradas pelos apreciadores. Foram destas matas que saíram as maiores quantidades de mate para abastecer os grandes mercados consumidores como o Uruguai, a Argentina e o Rio Grande do Sul no século XIX e até meados do XX. Hoje o abastecimento incorpora produto de lavouras cultivadas onde o produto nativo é escasso.

Davi Carneiro, talvez o intelectual mais importante do Paraná, considerava o paranaense valente, porém modesto além da conta. É notório que as pessoas que ao longo do tempo adotaram o estado para viver e que portanto possuem raízes externas, ainda não encontraram uma identidade cultural local mais forte. Isto só acontecerá quando a história paranaense for mais conhecida, apreciada e repassada para as gerações mais novas. Não faltam bons livros e outras manifestações culturais e literárias que retratam o passado, mas nem sempre é fácil descobri-los. Pode ser mais difícil ainda encontrá-los, mas hoje as ferramentas informatizadas facilitam bastante as buscas em livrarias, sebos, bibliotecas, museus, arquivos públicos, etc, do material desejado.

O blog apresentará algumas das literaturas mais acessíveis (livros, reportagens e documentos) que retratam passagens interessantes e importantes da história paranaense, que é muito rica e vai muito além do que normalmente é aprendido na formação escolar.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

Viagem pela comarca de Curitiba em 1820

O botânico francês Auguste de Saint-Hilaire percorreu o Brasil numa viagem de estudos no período de 1816 a 1822. Mas não se limitou a coletar amostras da flora e fauna brasileira. Manteve anotações adicionais sobre as pessoas que conheceu em seu caminho bem como sobre a história, a política, os costumes e tudo o mais que lhe chamava a atenção e fosse digno de nota. Anos depois publicou todo este material, que se tornou fonte de inestimável retrato daquela época.

As regiões por onde passou abrange áreas que hoje pertencem aos estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Esteve ainda no Uruguai, que na época estava sob domínio Português e na região das Missões, área que depois seria disputada por brasileiros, argentinos e paraguaios. O Paraná ainda não era uma unidade autônoma e fazia parte da Província de São Paulo. Era denominada como Comarca de Curitiba (ou quinta Comarca).

Sua porta de entrada no hoje Paraná foi pelos Campos Gerais, vindo de Itararé na direção de Castro. Passou por Curitiba, desceu a Serra do Mar até Morretes e daí a Paranaguá. Foi de Paranaguá até Pontal do Sul de barco e continuou pela praia até Caiobá. Atravessou de barco a baía para chegar a Guaratuba e se dirigiu a Santa Catarina pelo litoral passando pelo rio Saí-Mirim.

Sua narrativa ao longo deste percurso é muito detalhada e rica em informações do cotidiano vivido pelos habitantes.

É uma obra bastante citada pelos historiadores pela sua importância.

 Viagem a Curitiba e Província de Santa Catarina
Auguste de Saint-Hilaire
Editora Itatiaia e Ed. da USP
1978