Objetivo

Apesar de ser mais lembrado como terra das frondosas Araucárias, foi a árvore da erva mate que rendeu ao Paraná os recursos que alavancaram seu desenvolvimento. Ainda hoje tem relativa importância econômica e social, mesmo que seja quase ignorada por parcela significativa da população do estado. O mate, matéria prima do chimarrão e tererê, é genuinamente paranaense e não é a toa que um ramo de mate e outro de Araucária se abraçam na bandeira estadual. O Paraná, ainda hoje, possui as maiores reservas de erva mate nativa, que são as mais procuradas pelos apreciadores. Foram destas matas que saíram as maiores quantidades de mate para abastecer os grandes mercados consumidores como o Uruguai, a Argentina e o Rio Grande do Sul no século XIX e até meados do XX. Hoje o abastecimento incorpora produto de lavouras cultivadas onde o produto nativo é escasso.

Davi Carneiro, talvez o intelectual mais importante do Paraná, considerava o paranaense valente, porém modesto além da conta. É notório que as pessoas que ao longo do tempo adotaram o estado para viver e que portanto possuem raízes externas, ainda não encontraram uma identidade cultural local mais forte. Isto só acontecerá quando a história paranaense for mais conhecida, apreciada e repassada para as gerações mais novas. Não faltam bons livros e outras manifestações culturais e literárias que retratam o passado, mas nem sempre é fácil descobri-los. Pode ser mais difícil ainda encontrá-los, mas hoje as ferramentas informatizadas facilitam bastante as buscas em livrarias, sebos, bibliotecas, museus, arquivos públicos, etc, do material desejado.

O blog apresentará algumas das literaturas mais acessíveis (livros, reportagens e documentos) que retratam passagens interessantes e importantes da história paranaense, que é muito rica e vai muito além do que normalmente é aprendido na formação escolar.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

Mate

Esta primeira postagem não poderia ser outra que não fosse relacionada à erva mate. E a obra literária abordada é uma referência em se tratando da abrangência contida em mais de 500 páginas do livro publicado em 1969, cujo autor, Temístocles Linhares era Curitibano e intelectual reconhecido nacionalmente.

Nada escapa ao livro, desde a sua história pré-colombiana até a situação desfavorável do mercado em meados do século XX, passando por todos os períodos intermediários de consumo, abordando técnicas utilizadas, manejo, comércio, industrialização, propaganda, exportações, crises, estudos, mercados, pesquisas, transporte, cultivo, exposições, folclore, regulação, etc, bem como as impressões de personalidades, como dos botânicos franceses Aimé Bonpland e Auguste de Saint-Hilaire e do médico aventureiro alemão Robert Avé-Lallemant. Aborda ainda o uso em acontecimentos históricos marcantes como nas reduções jesuíticas e guerra do Paraguai. Conta também as inovações introduzidas pelo engenheiro e inventor Francisco Camargo Pinto, cuja família possuía fazenda nos arredores de Curitiba.

Curiosidade: a classificação botânica  (gênero e espécie) do mate se deve a Saint-Hilaire, designado por ele de Ilex paraguariensis. A referência está provavelmente associada ao antigo nome latino do Paraguai que era Paraguaria, mas há também um local naquele país de nome Paraguari. Logo, não há certeza quanto à origem desta denominação. Saint-Hilaire parece ter desejado muda-la para Ilex mate, porem a primeira acabou prevalecendo.


História econômica do mate
Coleção documentos brasileiros
Temístocles Linhares
Livraria José Olympio Editora
1969